quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Planalto tenta 'blindar' Dilma no escândalo


O Palácio do Planalto deflagrou nesta quarta-feira uma operação para evitar que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, sofra desgastes com o episódio envolvendo a quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra , filha do candidato tucano, José Serra.

Diante dessa orientação, a coordenação de campanha isolou Dilma, para evitar que ela seja contaminada por essa agenda negativa.

A decisão foi tomada após a entrevista de Serra na madrugada desta quarta-feira ao "Jornal da Globo" , da TV Globo, em que ele acusou a campanha petista de recorrer à mesma tática usada pelo ex-presidente Fernando Collor, em 1989, que usou o depoimento de Miriam Cordeiro, uma ex-namorada do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Na ocasião, Miriam acusou Lula de lhe pedir que abortasse. Dilma, porém, já tinha uma entrevistada agenda para esta quarta-feira à noite no SBT, onde teve de falar no caso.

De forma reservada, integrantes da campanha e do governo demonstraram preocupação com a repercussão política do episódio. Mas a avaliação é que o impacto será restrito.

Para um ministro petista, se todas as denúncias tivessem surgido agora, de uma única vez, haveria um estrago eleitoral considerável na campanha. Mas, como todas as acusações saíram em doses homeopáticas nos últimos meses, o assunto teria sido assimilado pela população como um episódio de disputa política.

Em 1º de junho, O GLOBO revelou que Verônica era o principal alvo de um suposto dossiê da campanha petista . Nesta quarta-feira, os petistas monitoravam com pesquisas telefônicas e qualitativas a repercussão das denúncias.

Seguindo a orientação traçada pelo Planalto, Dilma foi monotemática ao conceder entrevista nesta quarta-feira após se encontrar com o presidente de Colômbia, Juan Manuel Santos.

Sob o argumento de que os jornalistas colombianos teriam outros compromissos, a assessoria da candidata interrompeu a entrevista quando seria mudado o tema.

- Não tem por que a Dilma ficar comentando o episódio. Nós processamos todos que tentaram vincular o PT e Dilma a esse assunto. A Dilma não vai ficar falando sobre isso. Agora a Dilma tem que dar explicações sobre a falsificação da assinatura da filha de Serra? Não temos nada a ver com isso. Nós só discutimos esse assunto com Serra nas barras dos tribunais - disse o presidente do PT, José Eduardo Dutra.



Ricardo Noblat

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