
Convocado para a campanha de Dilma Rousseff (PT) na posição de curinga eleitoral, o PMDB também tem desequilibrado o jogo nos estados, mas nem sempre favorecendo as alianças regionais pró-continuação do governo Lula. O partido com maior bancada na Câmara — e, por consequência, com mais tempo de televisão —“desviou” das coligações petistas 1 hora e 28 minutos semanais de exposição no horário eleitoral gratuito.
O precioso tempo, que poderia ser usado para a propaganda de Dilma e seus aliados nos estados, foi para a oposição, representada em alianças que contam com o PSDB, o DEM, o PPS e o PV. Em 10 estados, o partido do deputado Michel Temer (PMDB-SP), vice da candidata petista, está aliado a adversários do governo. A contagem do tempo de televisão das coligações mostra que o apoio do PMDB a siglas adversárias do PT garantiu vantagens para a propaganda de candidatos da oposição, por exemplo, nos estados do Amazonas, do Amapá, do Mato Grosso do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo. Com isso, as candidaturas de Zeca do PT (PT-MS), Ideli Salvatti (PT-SC) e Aloizio Mercadante (PT-SP) saíram em desvantagem no tempo de televisão por não repetirem a aliança nacional entre o PT e o PMDB.
A multiplicidade dos casamentos partidários a ser exibida nos programas televisivos deste ano deixará o eleitor confuso, principalmente às terças, às quintas e aos sábados, quando o horário eleitoral casa a propaganda da campanha presidencial com as proporcionais para deputado federal. Não raro, um correligionário de Temer pedirá voto para o candidato tucano José Serra e, em seguida, tentará assimilar a imagem do PMDB unido pela eleição de Dilma. “Aqui, incoerente seria se tivéssemos aliança com o PT. Isso foi discutido abertamente com o partido. Nunca faremos o contrário. A legenda está apoiando o Serra”, afirma o deputado Waldemir Moka (PMDB-MS), candidato ao Senado. Moka conta que terá quatro minutos diários para se apresentar aos eleitores. O parlamentar admite que, “dentro do possível”, usará parte do tempo para pedir votos a Serra.
Para não ficar em desvantagem nos estados onde o PMDB escolheu fechar aliança com a oposição, o PT precisou reunir grande número de siglas na coligação, a exemplo do que ocorreu no Acre. Segundo o presidente do PMDB no estado, deputado Flaviano Melo, no fim das contas, o PT do candidato ao governo Tião Viana não saiu prejudicado. “Nós temos 11 minutos contra 11. O PT aqui no Acre tem muitos partidinhos pequenos e termina tendo o tempo igual. O Michel (Temer) conhece isso aqui muito bem. Aqui a Dilma é a terceira, porque tem a Marina (Silva)”, afirmou, referindo-se à candidata à Presidência pelo PV, nascida na região.
Além dos 10 estados nos quais o PMDB está do outro lado do front, há casos melindrosos como o do Pará, onde o PMDB corre sozinho contra a candidatura do PT, amparada por uma coligação de 14 partidos. Os aliados nacionais também se enfrentam na Bahia, com o duelo Jaques Wagner (PT) versus Geddel Vieira Lima (PMDB). Mas coube ao Maranhão produzir a maior discrepância das coligações até agora. A candidatura à reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) reuniu na mesma chapa o DEM e o PT do estado.
Correio Braziliense
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