quarta-feira, 28 de julho de 2010

Dinheiro longe da campanha


O inquérito da Caixa de Pandora ainda não foi finalizado. Mas um dos resultados da crise institucional, que completou ontem oito meses, é a mudança de perfil da campanha eleitoral em curso no Distrito Federal. Os políticos candangos, que sempre trabalharam com folga de caixa, agora estão de pires na mão. Há uma desconfiança mútua entre arrecadadores e doadores. Quem costumeiramente contribuía, este ano quer evitar constar da lista oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os empresários investigados pelo Ministério Público Federal querem se preservar. Investiram no passado, mas agora vão tomar cuidado redobrado, o que significa, em alguns casos, simplesmente não participar da eleição. Das 40 prestadoras de serviço parceiras dos políticos encrencados na Caixa de Pandora, a expectativa é de que nenhuma colabore no caixa oficial dos concorrentes.


O efeito dessa retração é o esfriamento da campanha. Ao contrário de disputas anteriores, os candidatos estão sendo obrigados a poupar recursos na arrancada do processo para reforçar a reta final, a partir de meados de agosto, quando começa o horário eleitoral. O Correio ouviu estrategistas das campanhas que confirmaram, nos bastidores, a excepcionalidade deste pleito. “É uma desconfiança jamais experimentada. Nem os empresários querem se comprometer, assim como os candidatos estão tomando todas as precauções para evitar novos escândalos”, disse um dos principais integrantes da coligação encabeçada por Agnelo(1) Queiroz (PT).


Assim como as empresas temem relacionar a marca ao meio político, os candidatos não querem ter a imagem associada publicamente às prestadoras investigadas pelo Ministério Público Federal, sob denúncia de corrupção no governo de José Roberto Arruda (DEM). Por isso, buscam alternativas. Empresas com sede em outros estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, ou que não foram citadas nas investigações são cobiçadas pelos tesoureiros das campanhas.



Correio Braziliense

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