sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ataques e propostas, meio a meio

Se existia qualquer acordo de cavaleiros de uma campanha sem ataques, ela acabou ontem, no primeiro debate de candidatos ao GDF, promovido pela TV Band. Os quatro principais candidatos ao Governo do Distrito Federal participaram do evento que teve como ponto alto o anúncio de propostas dos políticos para a capital e claro, troca de acusações. Joaquim Roriz (PSC) foi enquadrado por todos os três concorrentes e até pelas perguntas do jornalistas. Agnelo Queiroz (PT) foi muito cobrado pela aliança de 11 partidos reunidos em prol de sua candidatura. Toninho do Psol e Eduardo Brandão (PV) – candidatos com percentuais menores de intenções de votos, segundo as pesquisas – foram menos metralhados. Contudo, os eleitores brasilienses puderam conhecer um pouco sobre as intenções de candidatos caso assumam o governo. O maior debate girou mesmo em torno da saúde.

Saúde, preferência dos candidatos

Os postulantes ao GDF tiveram oportunidade de exporem seus planos de governo para a saúde – o assunto preferido no debate. Apontando a saúde pública do Distrito Federal como caótica, Agnelo ressaltou sua intenção de, se eleito, assumir a pasta. “Serei o secretário”, reafirmou. O petista afirmou ainda que contratará 4 mil servidores – 1 mil por ano. O candidato do Psol e prometeu uma auditoria nas contas, a implantação do programa Saúde em Casa e a contratação de “milhares de servidores”.

Toninho criticou o governo Arruda que aplicou o dinheiro da saúde no BRB e deixou que a situação chegasse ao ponto em que se encontra hoje. Roriz reafirmou a intenção de construir a Cidade da Saúde e a Universidade Distrital de Saúde, e anunciou a criação de uma “bolsa remédio” para a população carente. “Vou fazer o que for necessário para melhorar a situação da saúde, com cuidados desde como não deixar faltar um esparadrapo até a criação de uma grande cidade para cuidar da população”.

O vice de Roriz na chapa, deputado Jofran Frejat, inúmeras vezes secretário de saúde do governo Roriz, já previa que a saúde pública do DF seria o ponto mais questionado do debate. “É o que a população do DF mais reclama hoje, todos os candidatos devem ter propostas para esse setor. Saúde é básico, é obrigação do estado”.

De principais a coadjuvantes

Um debate moroso com momentos de rápidas efervescências. Os candidatos se limitaram a repetir as declarações dadas à imprensa quando são questionados durante as campanhas nas ruas. Aparentemente em momentos de pequenos nervosismos, Agnelo gaguejou entre uma palavra ou outra. Nas oportunidades que teve de se dirigir a Roriz, não poupou em criticar o principal concorrente. Toninho do PSol manteve-se calmo, sempre conciso em suas respostas e objetivo. Eduardo Brandão estava lá, mas ficou não chegou a ser coadjuvante nem se limitou a ser um mero figurante. Também não poupou de provocar o ex-governador, quando teve chance.

Toninho questionou ao petista se ele se incomodaria de governar ao lado dos políticos citados no Inquérito da Caixa de Pandora. Primeiro, Agnelo justificou a aliança nacional como principal fator da aliança. Depois, disse que a coligação seria um avanço para o DF. “Não tenho compromisso com o erro de ninguém e quem tem vai pagar por isso”, finalizou. O candidato do PSol, por sua vez, afirmou que será difícil governar com “pessoas viciadas e que a cada hora está de um lado”.

O debate começou a elevar a temperatura na parte em que jornalistas passaram a fazer perguntas aos postulantes. O jornalista Cláudio Humberto questionou a Agnelo Queiroz se ele ou o PT governaria. O petista não saiu por baixo e declarou que conduzirá a aliança. “Não tenho receio. Sou do PT com muito orgulho. Eu vou mandar no meu governo”, disse. Com direito a comentar a resposta do concorrente, Toninho mostrou-se divergente da perspectiva do ex-ministro. “Ele não só vai ter dificuldade de governar com o PT, mas com toda a penca de partidos que está com ele”, criticou.

Em resposta ao jornalista André Justes, Roriz admitiu que um suposto esquema de pagamento de propina poderia ter começado em uma de suas gestões. “Não posso afirmar se começou ou não. Eu não conhecia essas práticas. Eu decidi por muitos auxiliares que eu conhecia por meio de currículo. Confiei em um secretário que virou governador, mas a mascar caiu”. Nos bastidores, foi questionado novamente sobre o assunto: “Se eu soubesse, teria punido. Se começou no meu governo, eu não soube, não admitiria isso”, reafirmou.

Ataques e contra-ataques

Quem deu o pontapé inicial na sessão “ataques” foi o candidato petista, Agnelo, que ao ouvir a crítica de Roriz sobre “governar de avental” - fazendo referência ao fato de “vestir um jaleco e virar secretário de saúde”. “Prefiro governar com avental que com a mala preta”, retrucou o petista. Pronto. Havia sido dada a largada para os ataques e contra-ataques. Como lidera as pesquisas de intenção de votos, Roriz, claro, foi o alvo preferido dos demais candidatos e também dos jornalistas, como Cláudio Humberto – aliado do candidato do PT.

“O senhor acabou com o programa Saúde em Casa”, acusou Agnelo. “Caro, eram médico de Cuba, ganhando mais que os médicos da cidade, aluguéis de casa de partidários alugadas a preços altíssimos”, respondeu Roriz.

Em uma das respostas sobre as políticas de habitação, Roriz declarou que Agnelo seria um invasor de área verde em sua residência, no Lago Sul. Tal declaração rendeu ao petista um minuto extra no início do quinto bloco para explicação, e muita exaltação. “O candidato fala isso nesse destempero e parece desesperado. O terreno pelo que disse é uma casa no Lago Sul e está declarado nos meus rendimentos”. Roriz também ganhou tempo extra, acusado de inchar Brasília com a distribuição de lotes: “Eu retirei as pessoas que estavam nas favelas espalhadas por Brasília e assentei em cidades. Era isso que deveria ser feito, ou seria melhor passar o trator por cima das pessoas? O senhor diz isso porque gosta dos ricos, mas eu gosto é dos pobres, dos humildes, e faria tudo de novo”, retrucou Roriz ao candidato do Psol.

Opinião do Site do Lívio:

Mais nervoso: Agnelo Queiroz

Mais tranquilo: Toninho do Psol

Melhor no contra-ataque: Joaquim Roriz

Mais atacado: Joaquim Roriz

O maior acusador: Toninho do Psol

Mais enrolador de respostas: Agnelo Queiroz

Respostas ensaiadas: Eduardo Brandão



Livio Di Araujo

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