segunda-feira, 24 de maio de 2010

PMDB nunca muda.....




Desejado e desprezado, o dilema do PMDB




As eleições 2010 do DF, inegavelmente, passam pelo PMDB. O partido é a noiva cobiçada por petistas e rorizistas que aceitam até esquecer antigas e atuais divergências para ter os preciosos minutos de TV da legenda, sua bem montada estrutura partidária, com uma forte militância.

Mas, devido a impropérios ditos durante a última semana por lideranças petistas, o PMDB pode se afastar de vez do sonho lulista de repetir a aliança nacional no plano local. O presidente regional do PMDB, deputado Tadeu Filippelli, está tendo que tomar muito sal de frutas para engolir ataques indigestos ao seu partido.

Enquanto Agnelo Queiroz, candidato do PT ao Executivo, afirma querer o PMDB e esperar uma decisão do partido, o vice-presidente da Câmara Legislativa, Cabo Patrício (PT), corre na direção contrária. Patrício diz que “o PMDB precisa fazer o dever de casa e afastar quem tem problemas éticos. Não quero subir no palanque de quem é pandorista”, disse. E dispara: “Não precisamos do PMDB para vencer a eleição. Se eles não fizerem uma limpeza, é melhor deixar que se juntem com Roriz”.

Filippelli ainda teve que ouvir do líder da bancada do PT, Paulo Tadeu, que o partido deve fazer aliança apenas com quem não tem problemas éticos. Para Tadeu, o petista, o PMDB não tem intenção de punir os envolvidos na Caixa de Pandora.

Passa ano e nada muda no PT brasiliense. Nunca o partido teve uma chance tão grande de voltar ao Palácio do Buriti. Desde a última vez que chefiou o Executivo, com Cristovam Buarque (hoje no PDT), já se passaram longos 12 anos amargando derrotas fragorosas.

O PMDB é um aliado eminente e chuta-lo ou coloca-lo em situação constrangedora não levará o PT a nada. Pelo contrário, o partido só tem a perder. É um prenúncio de uma derrota anunciada. Quem conhece o PT por dentro sabe que a união é apenas aparente. Os rachas internos só são resolvidos quando alguém da executiva nacional surge com um porrete na mão. Além disso, os companheiros são useiros e vezeiros em causar constrangimentos para si próprios, como bem definiu o deputado federal Delfim Neto (PP-SP): “O PT é um partido tão autossuficente que já vem com oposição própria”.

Outra do PT foi a de formar um Conselho Político junto com PCdoB, PDT e PSB para discutir as eleições deste ano. O grupo é formado pelos presidentes dos quatro partidos e se reunirá uma vez por semana. O Conselho Político terá três atribuições fundamentais: coordenação, formação de alianças e estrutura de campanha. Mas, onde está o PMDB que seria, em termos, a grande estrela da aliança depois do PT. Com maior tempo de TV e uma grande estrutura partidária, o PMDB não terá assento na mesa de discussões da candidatura Agnelo Queiroz, mesmo tendo sido acertado que caberia ao partido indicar o candidato a vice.
Peemedebistas não entendem porque tanta deselegância com a legenda, mesmo tendo uma ordem do Palácio do Planalto para que seja feito um acordo. Temem também que se antes da eleição é este o tratamento dispensado, como seria a relação num futuro governo Agnelo, como seus Paulos e Cabos.

Aproveitando a brigalhada petista, PMDB passou a ser cobiçado também por Joaquim Roriz (PSC) que, segundo um aliado do ex-governador, já estaria chamando Filippelli de “um bom menino”. Além do peemedebista, Roriz tenta atrair outros partidos para acabar com o nanismo de sua coligação.

Com todo o desprezo petista e o assédio rorizista, o partido volta a ensaiar a construção de uma chapa própria e para isso conta com outros parceiros pesos pesados como o DEM, o PSDB, o PPS e o PTB. Nomes não faltam para encabeçar a chapa, para vice e as duas vagas ao Senado. Dentro do PMDB, o próprio Filippelli, o governador Rogério Rosso e o a vice Ivelise Longhi seriam bons postulantes ao Buriti.

Roriz também busca atrair os tucanos. Para isso, conta com o apoio da nova presidente da legenda, a ex-governadora Maria Abadia. Abadia já foi traída por Roriz em 2006, mas esqueceu as mágoas e está pronta para empunhar a bandeira dos azuis. O problema é com a cúpula nacional que considera o palanque de Roriz 1% do eleitorado nacional e 99% de problemas, já que a Caixa de Pandora ainda persiste no inconsciente popular.

Se o PMDB conseguir montar a chapa batizada de via preferencial, deixará de ser a noiva cobiçada e ao mesmo tempo desprezada para tornar-se um noivo viçoso. Vontade existe, falta coragem.




Callado

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